Ao Atleticano, restou realizar o sonho

Rafael Orsini
2 min readNov 17, 2021

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Foto por Pedro Souza/Atlético

Debaixo da poeira cerebral, envolto de traumas e decepções, o subconsciente do Atleticano guardou um sonho por muito tempo.

Neste sonho obscuro, o cruzamento de Humberto Ramos que encontrou a cabeçada de Dadá não era o único momento que reluzia sob o escudo do Galo. Ali, outros nomes se consagravam para além do escrete de 1971, escrevendo sua própria história e marcando a memória da Massa sedenta por mais.

Passaram nomes, ídolos, craques e o sonho sofreu. Otimista que só, o Atleticano materializava cada novo nome naquele desejo quase que juvenil. Reinaldo, Éder Aleixo, João Leite, Guilherme, Marques… não faltaram nomes para tentar transformar a então ilusão em algo real.

O tempo fez questão de escondê-lo. Para este sonho, não era mais momento de brincar com os sentimentos. Deixe pra lá, criemos novas memórias, novos sonhos… este, coitado, está velho, longe do real.

Porém os sonhos – únicos que só eles –, não pedem licença. Eles revivem, renascem, trazem consigo uma bagagem que somente os sonhadores saberiam explicar. Afinal, como você chama de velho um sonho que se materializa com Hulk? Como se decepcionar com o menino Zaracho, entrando de supetão como aquela lembrança escondida na gaveta? Como se doer com os rabiscos da caneta da história, tão ágeis como as pernas de Keno?

Os sonhos, de fato, não envelhecem. Seja por um, dois ou cinquenta anos, o mais antigo dos desejos alvinegros – aquele, de soltar o grito de campeão – está prestes a acontecer.

É só questão de tempo. Ao Atleticano, restou apenas realizar.

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Rafael Orsini
Rafael Orsini

Written by Rafael Orsini

Escrevia sobre o Galo de 2011 a 2017. Hoje falo majoritariamente no Bluesky (rafaelorsini.com) e às vezes por aqui. Não se contente com padrões.

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