Atleticanos, a história há de compensar

Rafael Orsini
2 min readNov 24, 2021

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Bata no peito, Hulk! Seu coração se orgulhará desse momento (Pedro Souza/Atlético)

Não há roteiro pronto que seja suficiente ao Atleticano. Não gostamos daquela alegria fácil, que vem sem nenhum esforço. O Atleticano é forjado na dor. É na dor que ele se fortalece; é no sofrimento que sua história é escrita. E acredite, Atleticano: não importam os 50 anos de expectativa. A história há de compensar.

A história escrevia um roteiro digno de Hollywood nessa despretensiosa terça-feira. Depois de ter visto o seu rival direto pelo título abrir dois gols de vantagem, o Atleticano conseguiu sorrir ao saber que o Grêmio empatara o jogo. Ao mesmo tempo, uma batalha acontecia em São Paulo para que o roteiro tivesse um final feliz clássico.

O Atlético enfrentava o Palmeiras reserva, focado 100% na final da Libertadores contra o mesmo Flamengo que disputa o título nacional com o Atlético. Aos olhos crus, que não observam todo o contexto do Galo carregado de mazelas, era um final fácil. O Galo facilmente bateria o time palmeirense já desinteressado pelo certame nacional.

Não foi bem assim que a história se decorreu. Logo no primeiro tempo, o time palmeirense tratou de por o Atlético atrás do placar — logo corrigido por uma finalização de Zaracho, que trouxe o empate. Já no segundo tempo, o pênalti para o time paulista (ocorrido ao mesmo tempo do empate gremista no sul) era a pá de cal que faltava ao sonho de carregar a taça no domingo. Everson tratou de defender, mas a desatenção no escanteio pôs a defesa por algo abaixo. 2 a 1 no placar e lamentações na cabeça alvinegra.

Mas Hulk, o vingador alvinegro, queria mudar história — como boa parte da torcida Atleticana. Em finalização de fora da área, o segundo empate acontecia na partida. Seriamos capaz de transformar aquele momento em um roteiro digno de Oscar? Não mais. O empate ao fim do jogo deixou o fim para uma próxima etapa. Faltando quatro rodadas, o Atlético depende de uma vitória e dois empates (ou duas vitórias) para tirar o grito entalado na garganta.

Olhe para o espelho, Atleticano. Quando a história foi tranquila para você? Precisamos escalar montanhas, transformar resultados e contar com um escorregão para sermos campeões da Libertadores. No ano seguinte, precisamos fazer quatro gols contra adversários duríssimos — tirando a simples final — para podermos levantar o caneco. Você achou que seria simples agora?

O Atleticano é forjado na luta. Na dor. Na cicatriz. Na injustiça — tal qual diz o nosso filme “Lutar, lutar, lutar”. Não seria agora que seria diferente.

Tenha calma. Paciência. Tranquilidade. O pessimismo flertará com seu coração nessa trajetória, mas Atleticano… a história há de compensar. Separe sua camisa. Prepare o seu grito. Falta pouco para que o sonho se torne realidade.

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Rafael Orsini
Rafael Orsini

Written by Rafael Orsini

Escrevia sobre o Galo de 2011 a 2017. Hoje falo majoritariamente no Bluesky (rafaelorsini.com) e às vezes por aqui. Não se contente com padrões.

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