O 2021 do Galo: 365 dias para a eternidade
A história nunca fala do futuro. Necessariamente a história é escrita no presente com testemunhas — preferencialmente oculares — que possam explicar às próximas gerações a sucessão de eventos que desencadeou para a existência daquele momento.
O momento, por sua vez, não é escrito em um dia só. A apoteose pode ser divida em capítulos, muitas vezes digna de um best seller, onde cada parte é essencial para o desfecho — positivo ou não, a depender da sua ótica individual. Talvez aí esteja a magia da história. Não existe apenas um ponto de vista; existe o fato. Quer queira ou não, a partir do registro factual a história já está destinada para a eternidade.
O 2021 do Galo é um destes momentos que já está fadado para a eternidade, que tem começo, mas nunca um fim. Que fim poderia ter uma história que tem heróis, quebras de paradigmas e ajustes de conta com um passado doloroso? Esse é o tipo de história que se divide em eras; um Antes de 2021 e Depois de 2021, quando órbitas se alinharam e se ajustaram para devolver ao mundo a ordem natural das coisas.
Estes 365 dias tem datas mágicas que, é claro, não contam só com alegrias. A história passa desde o dia 03 de fevereiro, quando a derrota contra o rebaixado Goiás retiram nossas chances do título nacional da temporada de 2020, até o 02 de dezembro onde Keno chutou com a direita para tirar o grito de 50 anos da garganta dos Atleticanos. A história também passa pelo dia 28 de setembro quando o sonho do bi da Libertadores escorria das nossas mãos, até o dia 15 de dezembro em que Hulk trouxe com uma cobertinha de ouro a segunda taça da Copa do Brasil para nossa casa.
Estes eternizados momentos trazem gols aos borbotões, feitos com cavadas, pernas direitas, esquerdas, cabeças e bicicletas. Estes eternizados momentos trazem lágrimas que insistiram em brotar aos olhos, com a lembrança daqueles que não puderem nos abraçar nas arquibancadas por todo o país. Estes eternizados momentos trazem três taças — que podem ser chamadas de tríplice coroa ou tripleta — para engrandecer e representar a história.
O ano certamente acabará, mas somente para aqueles que não vestem o preto e o branco; os que não choraram e sorriram ao relembrarem de cada um dos 75 jogos da temporada. 2021 foi o ano que transformou sonhos em realidade; injustiças em superações; traumas em alegrias e 365 dias em eternidade.
